Digo isto neste momento, para comemorar 1 ano do blog

A função deste blog, pra mim, hoje, está tão distante, que frequentemente parece-me que ficou em Portugal. Eu tinha um texto de despedida, tinha um para chegada, tinha dois outros, evidentemente, pra reclamar algo. No entanto, as coisas esvaziaram tanto, da partida até agora, que me pareceu desnecessário tudo isto. Ainda estou me perguntando quando houve necessidade também.

O nosso blog, no fundo, não cumpriu a exigência máxima, não serviu ao propósito de registro. Acabou, como a maioria dos blogs que vejo, tornando-se um elogio a nós mesmos; o que eu esperava, conscientemente, que acontecesse.

Estou me sentindo culpado por isso. Este fato evidencia, mais uma vez, a minha capacidade congênita de perder o controle das minhas empreitadas.

Também parece ser uma prova concreta do estado de espírito que norteia nossos sentimentos, nosso jeito de estar no mundo, sobretudo, o meu.

Na verdade, eu subestimo a capacidade da maioria dos leitores de perceber isso, mas sei que existem os algozes. E isso deve-se ao meu ponto de vista pessimista em relação a todos indivíduos. O mesmo ponto de vista que tem me encaminhado para a alameda oscilante da misantropia, que não é confortável.

Eu desejaria agora estar em 2043, com a sensação de ter protagonizado minha própria história. Eu preferirei ser uma personagem de um romance. Talvez, Rhoda, mas nunca Neville. Agora, preferiria admitir que, como todos, estou em busca. Mas não tenho um fim em vista. Ou, obviamente, tenho, mas não sei do que se trata, o que é pior do que ser como todos os outros que tem um, completamente definido, e que me traz a triste gargalhada de desprezo, e, no entanto, de inveja. “Não sei como correr de minuto a minuto, hora a hora, dissolvendo-se por uma força natural até que formem a massa inteira e indivizível que vocês chamam vida.”

Por trás do riso, tem um homem, que ainda não pode ser chamado de nada.

- Olhem, ouçam. Vejam como a luz se torna cada vez mais rica, como há florescência e maturidade por toda parte.

E, por favor, quando descobrirem as viagens no tempo, acordem-me e levem-me para um lugar seguro.

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